O Estado do Bosque
de José Tolentino de Mendonça
Encenação Luis Miguel Cintra
Cenário e figurinos Cristina Reis
Iluminação Cristina Reis e Luis Miguel Cintra com Rui Seabra
Assistente de encenação e Contra-regra Manuel Romano
Assistentes para o cenário e figurinos Linda Gomes Teixeira e Luís Miguel Santos
Director técnico Jorge Esteves
Montagem João Paulo Araújo e Abel Duarte
Operação de luz e som Rui Seabra
Guarda-roupa Maria do Sameiro Vilela
Assistente de Produção Tânia Trigueiros
Secretária da Companhia Amália Barriga
Cartaz Cristina Reis
Colaboração para o som Joaquim Pinto e Nuno Leonel
Interpretação
John Wolf e O Destino Luis Miguel Cintra
Peter Weil Nuno Nunes
Jacob David Granada
Vivienne Mars e mulher no poço Vera Barreto
Música
Luciano Berio (1980), Sequenza IX para clarinete, Ensemble Intercontemporain
clarinete Alain Damiens
direcção Luciano Berio
(Deutsche Grammophon, 1998)
duração do espectáculo: 1h10m
Lisboa: Teatro do Bairro Alto. 07 a 24 /02/2013
18 representações
Conversa com Tolentino Mendonça e elenco. 17/02/2013 às 17.30h
Há um bosque. Há um cego que é o único que pode guiar os outros na travessia do bosque: John Wolf. Há o destino que pensava vencer o cego. Há um homem de meia idade e um homem mais novo que acabam por atravessar o bosque com o cego. Há uma rapariga que fica de fora: Vivianne Mars. John Wolf reza outra versão da “oração que Deus nos ensinou”. A poesia passa a ser teatro e o teatro poesia. Na floresta das metáforas.
A contemporaneidade de Deus
Enquanto a religião for uma coisa de Igrejas e de padres, ela será sempre parcial, equívoca e, à sua maneira, irrelevante. A religião só o é verdadeiramente se for uma coisa humana, uma conversa e uma experiência de mulheres e de homens que tocam e são tocados pela contemporaneidade de Deus. Deus não habita num passado distante chamado Bíblia; não está sequestrado pela geografia de ritos e de códigos; não é exclusivo de nenhuma língua, de nenhum pensamento, de nenhuma pátria. Pelo contrário: as Igrejas existem, ou devem existir, ou só devem existir para dizer uma coisa: Deus é actual. O único real sentido da sagrada liturgia, da tradição, da palavra profética e evangélica, do esplendor da arte, da ardente busca sapiencial destes dois mil anos de cristianismo é esse: a ousadia de testemunhar que Ele está connosco, que Ele é o companheiro possível desta nossa história amassada no desconforto e na esperança, desta história tacteada, onde o nojo e o sublime convulsamente se abrasam, onde nos buscamos (e sempre O buscamos) sem saber bem o quê, nem porquê. “O estado do bosque” é – e, antes de todos, é para mim – a recondução a esse lugar.
José Tolentino Mendonça
Estrutura financiada por Secretário de Estado da Cultura/Direcção Geral das Artes